O cérebro das mulheres são mais sensíveis do que os dos homens, fazendo com que elas tenham maiores riscos de desenvolver doenças cerebrais.
Você sabia que do ponto de vista médico, há estruturas cerebrais diferentes entre o SNC (Sistema Nervoso Central) do homem e da mulher?
Em seu livro “O cérebro XX: a ciência inovadora capacitando mulheres a maximizar a saúde cognitiva e prevenir a doença de Alzheimer”, Lisa Mosconi destaca diferenças entre os cérebros de homens e mulheres.
Sendo assim, veja a seguir como as doenças cerebrais podem afetar as mulheres de modo diferente.
Lesão cerebral traumática
A lesão cerebral traumática é quando ocorre um dano no cérebro ocasionado por um golpe ou sacudida na cabeça. Isso pode afetar o suprimento de sangue e oxigênio ao cérebro, ao mesmo tempo que produz inflamação. Esta lesão, especialmente se seguida de perda de consciência, está associada ao maior risco de perda de memória e demência mais tarde na vida.
Mesmo em grau “leve” também pode ser incapacitante e, embora esses sintomas possam desaparecer em meses, em alguns casos podem durar anos.
Mas o que isso tem a ver com o cérebro masculino ou feminino? Por décadas, a pesquisa sobre esse assunto se concentrou em esportes dominados por homens. Dessa forma, os médicos tratavam concussões em homens e mulheres da mesma forma.
Entretanto, uma nova pesquisa mostrou que não apenas as mulheres tendem a receber mais concussões do que os homens em esportes semelhantes e são vítimas de violência doméstica em maior proporção, mas também apresentam mais sintomas e demoram mais para se recuperar.
Como isso é possível? Acredita-se que os hormônios, a fisiologia dos ossos cranianos e os músculos do pescoço mais delicados das mulheres são as possíveis razões. Por exemplo, atletas do sexo feminino tendem a ter maior risco de concussão dependendo da fase do ciclo mensal em que se encontram, assim como os tempos de recuperação também variam dependendo dos níveis hormonais.
Cérebros das mulheres e inflamação
A inflamação pode ocorrer de várias formas em todo o corpo, inclusive no cérebro. As células chamadas de microglia são as responsáveis por esse processo e desencadeiam a inflamação para defender o tecido cerebral contra coisas que não deveriam estar lá, incluindo vírus, bactérias, células cancerosas e placas de Alzheimer. Uma vez que completaram sua missão, o sistema imunológico as interrompe, e tudo volta ao normal.
Mas, às vezes isso a resposta inflamatória não consegue se desligar por diversas razões e se inicia uma inflamação crônica que, quando deixada de lado por um longo prazo, pode contribuir para o desenvolvimento de muitas doenças, como o desenvolvimento de declínio cognitivo e até mesmo o mal de Alzheimer, possivelmente por atuar como um gatilho.
Acontece, que esse processo parece ser pior nas mulheres, como foi visto em uma pesquisa. Os cientistas observaram que, em parte mais uma vez por causa das diferenças hormonais, as células microgliais são construídas de forma diferente em cada sexo, potencialmente levando a uma resposta imunológica menos eficiente nas mulheres. Isso explica porque 75% de todos os americanos com diagnóstico de doenças auto-imunes, como lúpus e artrite reumatóide, são mulheres.
Depressão e mulheres
Por fim, a depressão é um problema médico sério, o qual afeta as mulheres de maneira muito direta. Na maioria das culturas, é bastante comum culpar os hormônios pelo mau humor de uma mulher. Mesmo quando as mulheres estão tendo um dia ruim ou respondendo a estressores externos extremos ou agressivos, muitas vezes são repreendidas ou ridicularizadas, com as pessoas culpando seu estado mental na TPM (tensão pré menstrual) ou em alguma outra forma de oscilação hormonal.
Mas, ao contrário da crença popular, a depressão clínica não é uma “parte normal de ser mulher” nem é uma “fraqueza feminina”. A depressão pode ocorrer em qualquer mulher, a qualquer momento e por vários motivos, como fatores de desenvolvimento, reprodutivos, hormonais e sociais, incluindo estresse no trabalho, responsabilidades familiares, questões financeiras e, claro, a multiplicidade de papéis e expectativas das mulheres.
Sendo assim, tudo isso contribui para que as mulheres tenham duas vezes mais chances de desenvolver depressão do que os homens. Muitas mulheres, mesmo aquelas que nunca sofreram de depressão em suas vidas, experimentam sintomas depressivos e fragilidade emocional durante sua transição para a menopausa. Isso é preocupante porque a depressão na meia-idade também passa a ser um fator de risco para o mal de Alzheimer. Embora isso seja verdade para ambos os sexos, o risco parece ser maior nas mulheres.
Independentemente se as mulheres têm um risco maior, isso não as torna um sexo frágil, muito pelo contrário. Com tantas oscilações e descargas hormonais, elas ainda conseguem driblar as ações do seu corpo em relação à mente e ao comportamento.
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