É um transtorno do neurodesenvolvimento que aparece na infância e o acompanha por toda a sua vida, mas nenhuma pessoa com TDAH é exatamente a mesma e todos o experimentam a sua maneira.
Provavelmente você já deve ter ouvido sobre o transtorno de déficit de atenção, porém ele não está limitado a apenas às crianças, pois também atinge homens e mulheres, sendo mais frequente em pessoas do sexo masculino.
Apesar de muitos já conhecerem o TDAH, ainda é um transtorno que precisa ser falado e compreendido pela grande maioria das pessoas, uma vez que há muitos julgamentos e críticas da sociedade a respeito das atitudes das pessoas acometidas com esse distúrbio.
Infelizmente, quem não conhece o impacto do TDAH na vida de alguém pensa que isso é apenas falta de educação dos pais, desinteresse ou preguiça. Por esse motivo, viemos aqui te explicar tudo o que você precisa saber sobre esse distúrbio.
O que é TDAH?
TDAH é a sigla utilizada para se referir ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, sendo este um transtorno de natureza neurológica com causas genéticas, ambientais e biológicas, que se apresenta durante a infância e acompanha o indivíduo por toda a vida.
Entretanto, mesmo que se manifeste desde pequeno, geralmente os sintomas são mais perceptíveis quando começa a ir à escola, visto que é um ambiente de grandes desafios e, consequentemente, surge as dificuldades de atenção e inquietação.
Assim, isso acontece porque portadores de TDAH têm alterações na liberação de neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina) na região frontal – responsável pela inibição do comportamento, pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento – e as suas conexões com o resto do cérebro. Desse modo, a comunicação entre os neurônios se torna falha.
Além disso, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, ele está presente em 8% da população infantil e cerca de 5% dos adultos, o que equivale a mais de 10 milhões de brasileiros.
Ainda, não há cura para o TDAH e aproximadamente dois terços ou mais das crianças com TDAH continuam a ter os sintomas e precisa enfrentar obstáculos durante a vida adulta, necessitando de tratamento.
Quais os sintomas de TDAH?
Primeiramente, para identificar se alguém está com TDAH, um médico especializado avalia a presença, frequência, intensidade e persistência de alguns sintomas bem característicos. Assim, quando uma criança apresenta mais de 6 sintomas e adolescentes e adultos mais de cinco, pode ser confirmado o diagnóstico.
Veja abaixo os principais sintomas de desatenção e hiperatividade:
Desatenção
- Distraem facilmente por qualquer estímulo externo
- Têm dificuldade para manter a concentração durante muito tempo na mesma atividade
- Erram muito por falta de atenção no que estão fazendo;
- Evitam atividades que demandam um grande esforço mental;
- Frequentemente esquecem o que iam falar;
- Têm dificuldade em organizar o tempo e os objetos
- Se esquecem das atividades diárias que precisam ser executadas.
- Muitas vezes perdem coisas importantes para o dia a dia (materiais escolares, lápis, livros, ferramentas, carteiras, chaves, papelada, óculos, telefones celulares);
- Não ouvem quando o chamam, podendo ser considerados desinteressados ou egoístas.
Hiperatividade-impulsividade
- Mexem o corpo com frequência, em especial, mãos e pés;
- Falam de forma excessiva;
- Têm pressa em se comunicar, não esperando que outras pessoas concluam sua fala ou pensamento;
- Apresentam inquietude em ambientes calmos;
- Mudam constantemente de posição
- Não conseguem permanecer sentado por períodos longos;
- Têm dificuldade em corresponder a regras como “esperar a vez”;
- Tentam assumir o controle das atividades de outras pessoas.
Tipos e graus de TDAH
Certamente, crianças como o TDAH podem apresentar sintomas de déficit de atenção e de hiperatividade, esse distúrbio pode ser classificado em três tipos:
Combinado: têm sintomas tanto de déficit de atenção quanto de hiperatividade nos últimos 6 meses.
Predominantemente desatento: possui apenas sintomas de desatenção nos últimos 6 meses.
Predominantemente hiperativo-impulsivo: possui apenas sintomas de hiperatividade nos últimos 6 meses
Ainda, ele pode ser classificado quanto à gravidade desses sintomas:
Leve: poucos sintomas presentes e pequenos prejuízos sociais, profissionais ou acadêmicos;
Moderado: os sintomas e alguns prejuízos de graus leve e grave presentes;
Grave: muita expressão dos sintomas com real prejuízo funcional, social, acadêmico e profissional.
Quais são as causas do TDAH?
Existem diversos estudos demonstrando as causas dessas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões. São elas:
Genética
Algumas pesquisas mostraram que 60% das crianças com TDAH tem um de seus pais com esse transtorno e, ainda, a chance de uma criança desenvolver o problema é 8 vezes maior.
Desse modo, os genes não são os responsáveis, eles apenas predispõem ao TDAH. Além disso, familiares de pessoas com TDAH tem 5 vezes mais chance de ter o transtorno em relação a quem não tem parente com o distúrbio.
Substâncias ingeridas durante a gravidez
A ingestão de nicotina e álcool durante a gravidez podem provocar alterações na região frontal orbital do bebê. Consequentemente, mães alcoólatras têm mais chances de ter filhos com TDAH. Entretanto, ainda não se sabe a causa ou o efeito, os estudos apenas mostram uma relação entre esses fatores.
Sofrimento fetal
Outras pesquisas observaram que mães que tiveram problemas durante o parto, chegando a provocar sofrimento fetal, tinham uma maior probabilidade de ter filhos com TDAH. Entretanto, assim como a causa anterior, não se conhece de fato o que poderia estar levando a isso.
Existe tratamento para TDAH?
Em princípio, não há cura, mas existe tratamento para o TDAH, sendo que, na infância e adolescência é algo multidisciplinar – psicólogos, pedagogos, psiquiatras e fonoaudiólogos. Além disso, em alguns casos, conforme vai se desenvolvendo, os sintomas reduzem.
Mesmo assim, alguns ainda continuam apresentando os sintomas durante a vida adulta e é importante lembrar que o tratamento é individual, ou seja, cada caso deve ter um protocolo específico.
Mudanças de hábitos
Assim, ter hábitos mais saudáveis podem ajudar e muito pessoa com TDAH. Hoje já sabe-se que uma alimentação adequada (reduzir o consumo de cafeína e açúcar) e prática de atividades físicas têm um grande benefício no tratamento de TDAH, visto que podem ajudar a melhorar a capacidade cognitiva – atenção, memoria, aprendizado, raciocínio etc.
Psicólogo
Da mesma forma, a terapia comportamental, cognitiva, cognitiva-comportamental, psicoeducacional, fonoaudiológica e treinamento de habilidades sociais são algumas das alternativas que auxiliam as pessoas com TDAH a ter uma qualidade de vida melhor.
Assim, as crianças podem ter ajuda na mudança de comportamento, controle de impulsos e também para lidar com acontecimentos difíceis.
Similarmente, com adolescentes e adultos pode melhorar a autoestima, controla impulsos e organização pessoal e profissional.
Tratamento medicamentoso
Em fim, o tratamento com medicamentos só pode ser prescrito por um médico, que neste caso é o psiquiatra. Assim, geralmente utilizam os estimulantes, como Ritalina e Venvanse, os quais irão melhorar a capacidade de concentração, aprendizado, memória e reduzir a hiperatividade e impulsividade.
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